Durante muitos anos, a cabra montês estava presente em todas as regiões montanhosas da Península Ibérica. Com o decorrer dos anos as suas populações sofreram um forte decréscimo. Em meados do século XIX, a cabra montês desapareceu na vertente francesa dos Pirinéus e, nos finais deste mesmo século, extinguiu-se em Portugal a última população que ocupava a Serra do Gerês, onde ocorria, como nalgumas montanhas galegas, a subespécie Capra pyrenaica lusitanica. Já no início do século XXI, terá também desaparecido nos Pirinéus, ficando a área de distribuição reduzida às regiões montanhosas no Centro e Sul de Espanha. Com o objectivo de uma acção de reintrodução da espécie na Serra do Xurês, em 1997, as entidades espanholas colocaram num cercado de aclimatação, situado junto à fronteira portuguesa, indivíduos da subespécie C. p. victoriae (provenientes de um outro cercado no Parque Nacional do Invernadero). Foi ainda colocado noutro cercado, também junto à fronteira, mais um casal. Em resultado de fugas e libertações de
animais destes cercados, em 1999 registou-se a presença da espécie na Serra Amarela e na Serra do Gerês. Apesar desta espécie ter habitado num passado recente a área que agora se encontra a recolonizar, o curto período
da reocupação não permite ainda garantir o futuro da presente situação.
Os animais observados em Portugal pertencem a uma população transfronteiriça de cabra-montês, que em território nacional não ultrapassa os 50 indivíduos. Identificam-se duas subpopulações: a da Serra do Gerês, constituída por dois núcleos, e a da Serra Amarela. O aumento do número de indivíduos e a presença de crias confirmam a reprodução na Natureza dos exemplares reintroduzidos.
A espécie ocorre em zonas montanhosas rochosas, florestas e matos temperados, pastagens naturais e artificiais, terrenos agrícolas e plantações envolventes. A presença humana pode condicionar o uso de áreas preferenciais de alimentação.